Continua impasse entre rodoviários e SET. Greve ainda pode ocorrer

Caos no sistema de transporte público; foto, arquivo O Estado
Continua o impasse entre os trabalhadores do sistema de transporte rodoviário de São Luís e os empresários. A possibilidade de haver greve, por tanto, está mantida, no entanto, as duas partes, de forma mais cautelosa, evitam afirmar o movimento como uma medida que provavelmente acontecerá nos próximos dias. Caso ocorra uma paralisação, esse será o segundo movimento do gênero em 2010.
Ontem, durante a sexta rodada de negociações, realizada no Sindicato das Empresas de Transporte (SET), foram tratadas apenas as cláusulas sociais da convenção coletiva de trabalho dos rodoviários. Outra reunião foi marcada para amanhã, com o objetivo de que temas relacionados a cláusulas econômicas sejam discutidos. Redução da jornada de trabalho, aumento salarial de 23% e reajuste do ticket refeição para R$ 350, além de inclusão de dois dependentes nos Planos de Saúde, correspondem as principais reivindicações dos motoristas, cobradores e ficais de ônibus.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário no Maranhão (STTREMA), Dorival Silva, que chegou com atraso de cerca de uma hora e meia para a reunião de ontem, demonstrou otimismo em relação à possibilidade de um acordo com os empresários. No entanto, ele afirmou que é necessário que haja cautela, uma vez que ainda há uma série de impasses entre as categorias. “As cláusulas sociais foram praticamente todas decididas, mas ainda precisamos conversar sobre a questão salarial. Acredito que houve avanço sim, e que teremos mais avanços nessa próxima reunião, por isso, esperamos que os empresários tenham bom senso e cheguem a um consenso”, disse.
Segundo José Luiz Medeiros, presidente do SET, um dos pontos que ainda deve ser bastante discutido na próxima reunião, diz respeito à reivindicação da jornada de trabalho. Hoje, a escala de trabalho dos rodoviários equivale a 7 horas e 20 minutos diários. Eles exigem que haja redução para 6 horas diárias. No entanto, de acordo com Medeiros, há um agravante. O sindicalista informou o Ministério Público entrou com uma ação judicial, que resulta em apenas duas opções para as classes (trabalhador e empresário): ou há o intervalo de almoço (quando a jornada de trabalho for o equivalente à 8 horas diárias), ou que seja obedecida uma jornada de 7 horas de trabalho ininterruptas. “Acontece que uma jornada diária de 7 horas, durante seis dias úteis, resultaria em 42 horas semanais, o que conflita com a Constituição, que diz que devem ser cumpridas 44 horas semanais. Ou seja, haveria uma perda de duas horas de trabalho e alguém deveria pagar”, disse.
A principio, ratificou Medeiros, os custos seriam pagos pelos próprios empresários, no entanto, num futuro próximo, haveria outro aumento na tarifa de ônibus para cobrir o déficit. “Todos nós sabemos que os custos de transportes são repassados para a população. Então nós entendemos que essa idéia penaliza o usuário, por isso não seriamos irresponsáveis em aceita-la. O ideal, que é o que estamos propondo, é que o trabalhador tenha direito ao intervalo de almoço”, explicou.
Amanhã, rodoviários e empresários devem se encontrar pela sétima vez para discutir melhorias salariais. Uma vez não acatada nenhuma contraproposta do SET, há a possibilidade de motoristas, cobradores e fiscais de ônibus paralisarem suas atividades no início da próxima semana.
Esta ameaça já havia sido enfatizada por Dorival Silva, para esta semana, o que acabou não ocorrendo por causa das novas rodadas de negociações. Ele disse que a exigência em relação ao índice de reajuste de 23%, levou em consideração não somente o aumento do preço da passagem concedido aos empresários em fevereiro, às vésperas do carnaval, como também a variação do custo de vida em São Luís, segundo ele, estimado em 20% e a variação da inflação nos últimos 12 meses, que está na casa dos 4,7%.
Dorival afirmou que a categoria está cansada de esperar uma definição em relação a defasagem salarial, mas revelou que espera bom senso dos empresários durante a reunião de amanhã, levando em consideração o saldo das discussões anteriores. “De uma coisa nós sabemos, eles vão ter que dar um índice para o aumento salarial. Depois disso, em assembléia, decidiremos se haverá ou não paralisação”, finalizou.
Já Luiz Medeiros, garantiu que quanto mais as categorias sentarem para discutir amistosamente as cláusulas da convenção coletiva de trabalho, melhor equacionado será o resultado. “O ideal seria que chegássemos a um consenso ainda hoje e acredito que essa também era a vontade do sindicato dos rodoviários, mas sabemos que todas as questões serão tratadas com a categoria, que vai decidir ou não por uma possível paralisação”, concluiu.

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Com base nas afirmações de José Luiz Medeiros, é provável que a contraproposta de reajuste salarial do SET, não alcance os 23% desejados pelos rodoviários. “Toda categoria vai pedir muito, mas nós sabemos que o balizamento está em torno dos índices inflacionários. Vamos ter que chegar próximo aos índices de inflação”, disse.
Os trabalhadores rodoviários afirmaram que a variação da inflação nos últimos 12 meses está na casa dos 4,7%.

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