A greve dos rodoviários, mais uma vez abatida pela Justiça – que repito – pode ter sido a grande responsável pela paralisação integral, a partir do momento que decretou que 80% da frota deveria circular durante o movimento, o que revoltou motoristas, cobradores e fiscais de ônibus, ainda repercute e agora soa negativa para os rodoviários. Reportagem publicada no caderno de Cidades do Jornal O Estado do Maranhão, mostra que filas quilométricas foram formadas nas portas das garagens das empresas de ônibus para a entrega de currículos.
Decretada pela Justiça do Trabalho abusiva e ilegal, a greve deu condições legais (segundo o TRT) para que as empresas demitam os funcionários por justa causa e inicie seus processos seletivos para o provimento de cargos de novos profissionais. A informação causou alvoroço na população desempregada e um verdadeiro frisson nos rodoviários, que imediatamente após o anúncio, voltaram para suas atividades. Infelizmente, muitos pais de família perderão seus empregos nas próximas semanas.
A medida, um tiro certeiro do Sindicato das Empresas de Transportes (SET), enfraquece a categoria, que pensará duas vezes antes de realizar um novo movimento grevista nos moldes do mais recente, quando houve a adesão total dos trabalhadores. Creio que da próxima vez – se assim houver – muitos vão querer continuar trabalhando e se sujeitando às causas impostas pelos empresários, para não perderem os seus empregos.
Com isso, vale refletir mais uma vez à respeito da intervenção, no mínimo, errada da Justiça, quando do seu primeiro passo determinou a totalidade de 80% numa greve, um absurdo. A Prefeitura, que por meio da SMTT deveria fiscalizar e regulamentar o serviço de transporte público, mais lavou as mãos e se mostra incapaz de intervir nas ações das duas categorias. Essa sim deveria ter sido acionada pela justiça desde o primeiro momento, para que fosse repassado a tabela de valores com os relatórios financeiros do sistema. Nada houve.
De volta às atividades, aflitos e com o sentimento de que de nada adiantou a greve, os rodoviários agora temem por mais uma rasteira, diga-se de passagem com total segurança jurídica, a demissão em massa já autorizada pelo TRT.