CPI da Mulher: luta de um gênero só

Deputadas participam de discussão na Câmara Municipal de Imperatriz

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga crimes contra a Mulher, tem sido esvaziada pelos membros do sexo masculino na Assembleia Legislativa. O motivo, ao que tudo indica, é o desinteresse. Desde a sua instalação, apenas as mulheres Francisca Primo (PT), que é a presidente do colegiado; Gardênia Castelo (PSDB); Eliziane Gama (MD) e Cleide Coutinho (PSB) têm atuado com assiduidade nos trabalhos.

São elas que recolhem as denúncias, organizam e cumprem a agenda, buscam respostas de órgãos públicos e inserem os dados coletados num esboço daquele que será o relatório conclusivo da CPI.

Há duas semanas, por exemplo, quando a CPI da Mulher definiu que iria se deslocar até a cidade de Imperatriz, cidade que segundo o próprio colegiado, é a mais violenta contra a mulher no Maranhão, apenas as deputadas Primo, Gardênia e Coutinho, participaram da reunião. Francisca Primo chegou a lamentar a ausência dos pares.

Na última quarta-feira, quando a equipe de fato se deslocou para a cidade da Região Tocantina [onde ficou até ontem], novamente apenas as mulheres participaram dos trabalhos. Além de Francisca Primo, Gardênia Castelo, Eliziane Gama e Cleide Coutinho, a deputada Valéria Macêdo (PDT), que não faz parte do colegiado, participou das atividades.

Os titulares do sexo masculino, por sua vez, Roberto Costa (PMDB), Alexandre Almeida (PSD), Magno Barcelar (PV) e Edson Araújo (PSL), permaneceram em São Luís. Assim como os suplentes, que poderiam pelo menos ter manifestado gesto de apoio: Rogério Cafeteira (PMN), Rigo Teles (PV), Raimundo Cutrim (PSD) e Hélio Soares (PP).

A luta em defesa da mulher, iniciada na Assembleia por Eliziane Gama – e que foi barrada para a presidência da CPI – se revela, a cada dia que passa, única e exclusiva das mulheres. Infelizmente é assim. É uma batalha de gênero, por gênero e pelo gênero. Enquanto isso, os homens [parlamentares] que poderiam contribuir nas investigações de crimes contra a mulher cometidos em sua totalidade por outros homens [os agressores], permanecem inertes, como se não tivessem interesse algum em relação aos trabalhos da comissão. Mas o que é mais grave, como se não tivessem interesse algum em relação à situação sofrível, humilhante e amarga da mulher vítima de violência no Maranhão.

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