Uma das principais promessas da campanha do então candidato a prefeito de São Luís, Edivaldo Júnior (PTC), a escola em tempo integral se mantém como um projeto inviável nove meses após ele ter assumido o cargo. Não se trata de pessimismo, muito menos de ataque gratuito, mas sim de uma constatação feita com base na mais cristalina realidade. Se não, vejamos: como pode um gestor público pensar em implantar a educação integral se não consegue oferecer nem mesmo o ensino tradicional, em apenas um turno? Prova disso é a paralisação das atividades em algumas escolas municipais, que devido a reformas físicas intermináveis ainda não tiveram uma única aula no segundo semestre.
O Estado percorreu três escolas municipais cujos alunos estão no mais profundo ócio por causa de reformas em andamento. Uma delas é a Unidade de Ensino Básico Bandeira Tribuzi, no Centro, onde pais e estudantes fizeram uma manifestação ontem para cobrar o reinício das aulas, interrompidas ainda em junho, antes mesmo do fim do primeiro semestre, após o desabamento de parte do forro. Prometida para agosto, a conclusão do conserto foi adiada para o dia 5 deste mês, mas o prazo novamente não foi cumprido. Resultado: centenas de crianças já estão há 87 dias sem estudar. Aquelas cujos pais têm condições de pagar um reforço têm conseguido, mesmo à base do improviso, recuperar o tempo perdido. Mas a maioria amarga o prejuízo.
Situação semelhante vem ocorrendo na Unidade de Ensino Básico Justo Jansen, também no Centro. A escola é outra que passa por reforma, cujo término estava previsto para a última segunda-feira, quando, finalmente, os alunos começariam a assistir às aulas do segundo semestre. Mais uma vez descumprido o prazo, o retorno das atividades foi remarcado para a próxima segunda-feira, segundo informaram operários, que esta semana estão pintando o prédio e depois ainda terão que limpá-lo.
Se no Centro o quadro já é crítico, na periferia o cenário exibe contornos dramáticos. Que o digam os alunos da Unidade de Ensino Básico Professor Luís Rego, na Vila Itamar, onde os alunos também estão sem aula por causa de uma reforma, marcada, desde o início, pela mais absurda lentidão. Para completar o descaso, a calçada da escola está tomada por lixo e entulho e dejetos escorrem a céu aberto em plena fachada do prédio.
Os exemplos acima citados somam-se a uma série de outras situações que evidenciam a má gestão do ensino público municipal em São Luís. Recentemente, veio à tona a crise nas creches e escolas comunitárias, que recebem verba da Prefeitura para compensar a incapacidade desta em oferecer educação a todas as crianças da capital. Sem receber um único centavo referente ao atual ano letivo, muitas ameaçaram suspender as atividades, o que gerou forte clamor social. Pressionada, a administração municipal anunciou o repasse de R$ 4,7 milhões a apenas 23 instituições, o que não chega sequer a 20% do total de entidades conveniadas.
Voltando ao tema escola de tempo integral, o que se percebe é a total incapacidade do Município em ofertar tal benefício à população, assim como várias outras promessas feitas no calor da campanha eleitoral. Diante da impossibilidade, cabe ao prefeito Edilvaldo Júnior, pelo menos, normalizar o ensino regular, sob pena de reeditar o caos que marcou a educação na gestão anterior.
Editorial de O Estado do Maranhão