Gestão não planejada

edivaldoTão logo o resultado da eleição para prefeito de São Luís foi anunciado, no fim de outubro de 2012, a reportagem de O Estado solicitou ao então prefeito eleito Edivaldo Júnior (PTC) que informasse as linhas gerais do plano de governo que afirmara ter durante a campanha. A resposta, dada por sua assessoria, foi um discurso recheado de evasivas, gerando a primeira suspeita de que algo errado havia naquela reação. O prefeito eleito saiu do circuito ludovicense logo em seguida e passou um mês distante do Maranhão. Ao retornar, a equipe de O Estado mais uma vez solicitou informações acerca das linhas gerais do plano de governo. Mais uma vez nada lhe foi dito de concreto. O mesmo pedido foi feito às vésperas da posse, no dia da posse e nas semanas iniciais do governo. Nenhuma resposta concreta.

No dia 9 de janeiro, o prefeito Edivaldo Júnior, fortemente pressionado pela imprensa e até por aliados, anunciou um arremedo de plano de ação. O pacote era tão sem pé nem cabeça que o prefeito decidiu editar um segundo “plano”, o que ocorreu no dia 11de abril. Não se sabe por que razão, os ludovicenses foram surpreendidos um mês e meio depois, no dia 27 de maio, com mais um pacote. Finalmente, na última quarta-feira, 4, o prefeito Edivaldo Júnior reuniu jornalistas e auxiliares dele para anunciar mais um pacote, esse batizado Avança São Luís. Trata-se, na verdade, de um “apanhado” de metas previstas nos pacotes anteriores e não cumpridas.

O resgate das informações acima confirma o alerta feito por este jornal de que o sr. Edivaldo Júnior concorreu, foi eleito e assumiu a Prefeitura de São Luís sem um plano de governo. O seu discurso de campanha foi um engodo, à medida que as ações desses oito primeiros meses de governo em nada se relacionaram com o que fora dito no rádio, na TV, no palanque, nos debates e nas entrevistas. Nos contatos com a imprensa, o novo prefeito de São Luís sempre adotou postura escorregadia, furta-cor, sem respostas precisas nem informações convincentes. Sua Assessoria de Comunicação Social desdobrou-se no uso abusivo de clichês surrados, primeiro por não ter mesmo o que dizer de concreto nos primeiros meses, e depois por ter adotado uma pela estratégia estabanada de politizar a informação, dando-lhe um caráter de pré-campanha.

Após 250 dias de governo, o prefeito Edivaldo Júnior parece ter finalmente compreendido a complexidade de administrar uma cidade como São Luís, com os seus desafios, tanto no sentido dos problemas a resolver quanto no de planejá-la para o futuro, já que é obvia a sua vocação para o desenvolvimento econômico. O quadro desenhado desde a sua posse revelou que o prefeito não se preparou como deveria para ser o titular da administração de uma cidade com mais de 400 anos, que abriga 1 milhão de habitantes e é Patrimônio Cultural da Humanidade. Mas que é, ao mesmo tempo, marcada por bolsões de problemas, como a sua imensa periferia desordenada e que está aguardando o ordenamento necessário.

Não se trata, aqui, de colocar o prefeito Edivaldo Júnior contra a parede nem de torcer para que sua administração seja um fracasso. Trata-se de fazer uma constatação e, em seu bojo, um alerta. Para ser prefeito de São Luís não basta uma imagem simpática e um discurso sedutor. A cadeira principal do Palácio de la Ravardière exige um ocupante preparado, conhecedor dos problemas e que seja um misto de gestor e político e, principalmente, que tenha noção clara a respeito do que deve ser feito para vencer os grandes desafios. O prefeito Edivaldo Júnior, por várias razões, entre elas de ser ainda muito jovem e não ter lastro como gestor, infelizmente não definiu, ainda, um perfil de prefeito para São Luís. Pois se fosse um político com experiência, teria se valido de expertise técnica para um plano básico de governo.

Agora resta apenas contar com a possibilidade de o dia a dia o leve a planejar com fundamentos e competência os próximos passos da sua administração.

Da coluna Estado Maior, de O Estado

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