Recheada de autoafirmação, em alguns pontos redundante e
meio confusa, foi a “carta” escrita por Allan Kardec, curiosamente também endereçada à imprensa na noite de ontem.
O ex-secretário de Educação que me desculpe, mas acreditar que o texto divulgado foi realmente encaminhado ao prefeito é demais.
Primeiro: Kardec não teria motivo algum para pedir demissão a Edivaldo por meio de uma carta. Indicado de Flávio Dino (PCdoB), ele era um dos homens de confiança do prefeito, com livre acesso e bastante espaço para travar um diálogo franco e aberto com o petecista. Allan e Edivaldo sempre tiveram um bom relacionamento durante os meses que trabalharam juntos, portanto, difícil imaginar que houve troca de correspondência para tratar de um assunto tão sério, referente à administração de uma área tão delicada e estratégica para uma administração pública.
Segundo: Edivaldo não parecia e não parece estar alheio ao que vem acontecendo em sua gestão, seja qual for a área. Muito bem informado e envolvido no projeto – apesar de não ter conseguido dar respostas concretas à população e nem promover a mudança que tanto prometeu -, o prefeito não precisava ser informado por meio de uma carta, das ações promovidas por Allan na educação.
O ex-secretário fez um verdadeiro balanço de gestão e escreveu à imprensa, mas quis passar a ideia de que o texto havia sido endereçado ao prefeito. Não foi.
Alguns trechos da “carta” chegam a ser ridículos, como o abaixo:
Mas o principal objetivo é dizer que chegou o fim desta minha jornada como teu secretário de Educação. Já vinha matutando – como todo matuto faz – na idéia há algum tempo. Afinal, pensei que conseguiria manter-me conectado com a sala de aula na Universidade (de onde sou!). Sou apaixonado por Ciência. Pelo laboratório. Pelo contato com os alunos.
Observe a construção na qual ele refere-se à sua origem. [universidade …de onde sou!…], uma exclamação que tem apenas um objetivo, dirigir-se à imprensa numa tentativa de autoafirmação. Ou alguém acredita que ele realmente precisou mostrar isso a Edivaldo?
Allan Kardec, na verdade, escreveu como se tivesse pedido demissão ao prefeito. Mas todos sabem que ele foi demitido por não ter correspondido às expectativas para a pasta. Todos sabem que ele não alcançou os objetivos traçados por Edivaldo.
Por isso é que não adianta escrever carta para a imprensa, ela não vai acreditar…
Leia a carta de Allan Kardec aqui