A indefinição do prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Júnior (PTC), em relação à nomeação de um substituto para Allan Kardec Duailibe Filho (PCdoB) na Secretaria Municipal de Educação (Semed) e a movimentação do ex-deputado Edivaldo Holanda, pai do petecista, evidenciaram, desde as primeiras horas de ontem, que há uma crise instalada entre o núcleo duro da Prefeitura e os principais líderes do PDT e do PCdoB, dois dos principais aliados da gestão municipal.
Logo após a confirmação da exoneração de Kardec, a secretária-adjunta Kariadne Maia
, do PDT, iniciou uma mobilização para tentar ser efetivada no cargo. Há uma espécie de acordo que garantiria ao PDT a indicação do novo secretário caso a pasta não ficasse mais sob o controle do PCdoB.
O secretário-geral da legenda no Maranhão, deputado federal Weverton Rocha, no
entanto, tratou de frear o ímpeto da colega de partido. “Este espaço é do PCdoB! Sabemos respeitar acordos”, disse o parlamentar a O Estado, ontem, demonstrando fidelidade ao projeto local, mas mandando um recado aos comunistas, que, na seara eleitoral, cogitam romper acordos de 2012.
Com a garantia de que o PDT não entraria na disputa, o PCdoB passou a indicar os nomes para a vaga em aberto. O que só reforçou a tese de distanciamento entre a cúpula do partido e o pai do prefeito, principal tutor de Edivaldo Júnior na montagem do secretariado.
Uma reunião estava marcada para ocorrer às 8h no Palácio de LaRavardière, sede do
Executivo municipal. O assessor especial da Prefeitura para assuntos de Habitação, Geraldo Castro (PCdoB), chegou a figurar como virtual secretário e seria anunciado como tal na ocasião. Posteriormente, ao meio-dia, seria lançado um comunicado oficial. Toda a programação, no entanto, foi adiada, a pedido de Edivaldo Holanda, que levou o prefeito e parte da equipe para uma segunda reunião, em sua casa.
No novo encontro, o pai do prefeito demonstrou descontentamento com a indicação de Castro e sugeriu que o novo titular da pasta pode ser do PCdoB, mas não alguém tão próximo do presidente da Embratur, Flávio Dino (PCdoB). A segunda opção seria o vereador Antonio Lisboa, também do PCdoB – ele já rejeitou a indicação para a pasta no início da formação do atual governo.
Para um comunista que tem participado da discussão sobre a escolha do substituto de Allan Kardec, Edivaldo Holanda aproveita a oportunidade para dar a Dino e aos comunistas uma demonstração de força. Além disso, reforça o interlocutor de O Estado na Prefeitura a rejeição a nomes da cota do presidente da Embratur são uma forma de minar uma reação mais dura dos pedetistas, fazendo parecer que, mesmo com um nome do PCdoB no comando, a Semed não é mais do PCdoB.
“Ele [Edivaldo Holanda] quer derrotar os candidatos [a secretário] de Flávio Dino. Passar
a impressão ao PDT que foi golpe, porque o discurso era que, se não fosse um de nós, seria ela [Kariadne Maia]. Levar Flávio Dino a uma resposta figadal e desconsiderar a secretaria como nossa”, avaliou.
Os comunistas ainda tentaram emplacar o presidente da Fundação Municipal de Cultura,
Francisco Gonçalves, que é ligado a Flávio Dino, mas é filiado ao PT. Não houve resposta do prefeito.
Apesar das tentativas de acerto, o novo secretário ainda não foi escolhido. Edivaldo Júnior encerrou as tratativas porque precisou viajar a Brasília, onde cumprirá, hoje, agenda em ministérios para cuidar de investimentos em mobilidade urbana.
Da edição de hoje de O Estado