Santiago Andrade não foi “atingido por um rojão”, ele foi assassinado

Blog do Linhares

Escrevo dois textos sobre a morte de Santiago Andrade e seus desdobramentos. Falarei o que muito jornalista está esquecendo de dizer. Estou esperando, mas não sai. Então é o jeito eu fazer valer o “outro lado”…

Santiago não foi morto por forças ocultas. Seus algozes têm agremiação (Black Bloc) e nomes. Um deles é Fábio Raposo. Esquecer ou ocultar esses detalhes é alimentar a impunidade
Santiago não foi morto por forças ocultas. Seus algozes têm agremiação (Black Bloc) e nomes. Um deles é Fábio Raposo. Esquecer ou ocultar esses detalhes é alimentar a impunidade

IMPUNIDADE

Santiago Andrade era um cinegrafista. Ganhava a vida carregando uma câmera para levar ao povo imagens de fatos e acontecimentos de interesse público. Nada mais que isso. O homem era uma pessoa normal como qualquer outra.

Quis o destino que na quinta-feira (6) estivesse com seu equipamento na Central do Brasil, defendendo o ofício. Naquele mesmo dia que Santiago fosse assassinado por black blocs.

O cinegrafista não foi “atingido por um rojão” ou “teve uma morte trágica” como andam escrevendo por aí. Ele foi assassinado por Black Blocs que protestavam contra um aumento de poucos centavos na passagem do ônibus

Santiago teve o crânio afundado. Não morreu na hora, sofreu deitado no chão. Antes de perder a consciência, agonizou ao lado do equipamento de trabalho. A cabeça ensanguentada e a respiração ofegante apenas intensificaram a crueldade com que o jornalista foi assassinado.

Vejo alguns textos que tentam enaltecer a morte de Santiago, transformá-lo em baluarte de “sei lá o quê”. A dor e o desespero do cinegrafista só tem conotação poética para imbecis. Todos os anos mais de 50 mil brasileiros tombam em situações semelhantes. São assassinados de maneira brutal em um massacre que mata mais que a guerra na Síria. Em três anos, com fuzis e armas químicas, morreram 100 mil na Síria. No pacífico Brasil, foram mais de 150 mil.

Santiago não estava ali defendendo nenhum tipo de ideologia. Provavelmente não tentava teorizar sobre “luta de classes” quando teve o crânio esmagado por um rojão a mais de 300km/h. Morreu trabalhando, nada mais que isso. Morreu inocente, vítima da impunidade que castiga esse país.

Dias depois um dos autores da brutalidade se apresentou. Disse que tudo foi um mal-entendido. Ele nem sabia que a peça que mutilou o cinegrafista era um rojão. Entrou pela porta da frente da delegacia, saiu pela mesma porta da frente e deu entrevista.

Pois é… Fábio Raposo Barbosa, 22 anos, estudante de contabilidade e tatuador ajudou a matar Santiago e não está sendo chamado pelo termo que lhe define; assassino. Alguns jornalistas cospem no túmulo do companheiro de trabalho ao classificarem este criminoso como um “ativista” em uma típica  tentativa de deixá-lo impune.

Santiago, torno a dizer, não foi “atingido por um rojão”. Ele foi assassinado por Fábio Raposo e outro comparsa Black Bloc.

Não mora em periferia, não é pobre, não aparenta ser um excluído e muito menos “desinformado”. Faz curso superior. Como aceitar que uma pessoa com esse perfil não soubesse o que estava fazendo? Sim, é impossível. Mas, a defesa vai insistir na tese da falta de dolo. Ora, desde quando acender um rojão daqueles e disparar em direção a pessoas pode ser considerado algo desvencilhado da intenção de matar?

Santiago Andrade foi mais um inocente em uma lista que deve alcançar os 50 mil nomes até o fim do ano. Fábio Raposo Barbosa é mais um nome na lista de impunidade desse país.

Por ser black bloc e lutar por uma “ideologia” que lhe permite matar, ser primário e fazer curso superior, provavelmente vai gozar da liberdade enquanto Santiago apodrece e é comido por vermes. Vermes tão pútridos quando os que nutrem a impunidade nesse país. Vermes como Fábio Raposo Barbosa e todos os que acham que suas ideologias, frustrações e vontades os dão o direito de fazerem o que bem quiserem, até mesmo matar inocentes…

E SE TIVESSE SIDO UMA BOMBA DA POLÍCIA?

Ah, se tivesse sido uma bomba de gás da polícia o mundo estaria caindo na cabeça de Sérgio Cabral. Hordas de acéfalos filhos da puta estariam falando do horror desses “porcos fardados”.

O tal do Gigante iria se levantar e policiais seriam caçados pelas ruas. Os âncoras dos telejornais fariam esplêndidas aberturas sobre o ato de selvageria de quem “deveria proteger o cidadão comum”.

Uma vida teria sido perdida e uma barbaridade produzida se, e somente si, tivesse sido pelas mãos de algum policial. Não foi? Ah, deixa pra lá!

Oh, mas se tivesse sido a polícia a história seria outra. Como de costume, iriam aparecer os babacas que tem “mais medo da polícia do que de bandido”. Nas mesas de bar as conversas seriam baseadas em lembranças sobre abusos “da polícia”.

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