O governador eleito Flávio Dino (PCdoB) falou ontem ao Portal Uol sobre o processo político no Maranhão, as diretrizes de seu partido e as ações que adotará no futuro governo, a partir de janeiro de 2015.
O comunista, que prometeu promover uma “revolução burguesa” no Maranhão, entrou em contradição em vários pontos levantados pela reportagem, principalmente sobre a linha ideológica do PCdoB e o programa que pretende implantar no estado – e também em relação às alianças políticas fechadas por ele na eleição 2014. Exemplo disso foram as referências, na campanha eleitoral, à chamada oligarquia e hegemonia de um grupo político no estado, e mesmo assim, ter sido apoiado pelo PSDB de Aécio Neves e pelo PP de Paulo Maluf.
Dino atua num partido político que defende a ideologia do comunismo. Ele prega um sistema de “maior comunhão de riquezas” e de oportunidades, cita Karl Marx e o Manifesto Comunista, mas flerta com o capitalismo. “Agora é importante um partido que acredite que o capitalismo não é o fim da história”, destaca.
Questionado, por exemplo, se pretende ser o Deng Xiao-ping [criador do chamado socialismo de mercado na China] do Maranhão, ele assegura não ter essa pretensão, mas talvez inspirado, não deixa de citar frase do comunista, que comandou a República Popular da China de 1978 a 1992: “Não importa a cor do gato, importa que ele mate o rato”.
Dino vai além e afirma que o desafio do PCdoB será implantar o capitalismo no Maranhão. Nada coerente e condizente, portanto, com a história ideológica e política da própria sigla, que ele agora parece querer mudar. “Esse é o nosso desafio. Fazer uma revolução democrática burguesa, com 300 anos de defasagem”.
Confrontado sobre o porquê de não mudar o nome do partido então, já que toda uma estrutura de pensamento está prestes a ser alterada, ele saiu-se com essa: “Porque o nome é bonito”.
Resta saber o que pensa sobre o tema, a cúpula nacional do PCdoB. O partido vai mesmo levantar a bandeira do capitalismo e da chamada “revolução burguesa” no Maranhão, ou tudo não passou de mero devaneio do governador eleito?
Da coluna Estado Maior